Além do Fevereiro Laranja, que tem como foco a conscientização sobre leucemia, há outro movimento no segundo mês do ano: Fevereiro Roxo. A campanha vem conscientizar sobre Alzheimer, Lúpus e Fibromialgia e surgiu em Uberlândia, Minas Gerais, em 2014. A iniciativa é conduzida por organizações não governamentais (ONGs) e algumas instituições do poder público, mas não faz parte do calendário oficial de campanhas nacionais.
As três doenças aparentemente não têm tanta coisa em comum. Mas há um fator comum a todas elas: nenhuma possui cura conhecida pela medicina e todas são alvo de muita desinformação. O movimento de “pintar” o mês de Fevereiro de roxo vem informar a população e fornecer ferramentas aos doentes e suas famílias para que possam promover a melhor qualidade de vida possível ao paciente. O lema da campanha diz tudo: “Se não houver cura que, no mínimo, haja conforto”.
Em relação a estas três doenças, e na maioria das patologias, o diagnóstico precoce é condição importantíssima para um tratamento mais brando e melhor qualidade de vida.
Alzheimer
Com o aumento da longevidade alcançado nas últimas décadas as doenças senis passaram a ser mais comuns, pois o diagnóstico ficou mais preciso, bem como o tempo de permanência. O Alzheimer foi descoberto como doença em 1906 e levou o nome do médico que identificou seu conjunto de sintomas, o alemão Alois Alzheimer.
Trata-se de uma doença neurodegenerativa que geralmente se manifesta a partir dos 60 anos e destrói funções cerebrais, evoluindo de maneira lenta. Seus sintomas principais são a perda da capacidade cognitiva e da memória, tendo o quadro de demência como consequência. O nível de comprometimento das funções cerebrais determina a fase em que a doença se encontra no paciente: leve, moderada ou grave. A sobrevida média a partir do diagnóstico fica entre 8 e 10 anos.
Não há cura para o Alzheimer, mas a medicina tem avançado nos tratamentos para retardar o avanço das fases. Um paciente com quadro leve e medicado pode desempenhar atividades cotidianas normalmente. Porém, os quadros de moderado a grave tendem a deixar o paciente dependente de acompanhamento integral, o que impacta na vida dos familiares saudáveis, que precisam monitorar o doente.
A causa exata é desconhecida, mas já se sabe que a doença se manifesta quando o processamento de algumas proteínas do sistema nervoso central apresenta problemas. A predisposição genética foi observada em 10% dos casos.
O tratamento pode ser realizado gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil, incluindo distribuição de medicamentos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o número de pacientes com Alzheimer, hoje mais de 35 milhões de pessoas, dobrará no mundo.
A prevenção desta doença e de outros tipos de demência passa pelos mesmos cuidados em relação a outras patologias: a adoção de hábitos de vida saudáveis, como a prática de exercícios físicos e alimentação balanceada, e o controle de outras doenças crônicas. Além disso, especialistas apontam que o uso constante das funções cerebrais pode ajudar. A dica é praticar atividades intelectuais como leitura, cruzadinhas e outros aprendizados.
Diante de qualquer suspeita ou anormalidades comportamentais relacionadas a quadros de esquecimento, o paciente deve procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na rede pública ou ir direto ao especialista, se possível.
Lúpus
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é a doença inflamatória e autoimune que faz com que o sistema imunológico ataque tecidos saudáveis do próprio corpo por engano. Este efeito pode afetar diversos órgãos e tecidos, por exemplo, pele, articulações, rins e até mesmo o cérebro. Se não tratada e monitorada adequadamente, pode levar o paciente à morte.
A patologia não tem cura nem causa 100% conhecida. Não se sabe o que causa este descontrole do sistema imunológico, mas já foi observada uma combinação de fatores que pode desencadear o seu aparecimento, sejam genéticos, infecciosos, hormonais ou ambientais. O Lúpus pode acometer pessoas de qualquer idade e sexo, mas é mais comum que apareça entre 20 e 45 anos.
Para identificar, é preciso ficar atento a crises de vermelhidão na pele, aparecimento de manchas ou de placas vermelhas pelo corpo. Estas crises podem ocorrer depois de exposição excessiva à luz solar ou infecções. Por isso, tais efeitos não podem ser subestimados. Diante de qualquer anormalidade, o paciente deve buscar o médico.
Os sintomas de Lúpus incluem fadiga, febre e dor. Apesar de não ter cura, o tratamento passou por avanços na medicina e hoje há meios de melhorar a qualidade de vida, controlando sintomas e crises com medicação e bons hábitos. O paciente com Lúpus deve adotar equilíbrio na alimentação e cuidados extras na exposição solar.
Fibromialgia
A doença reumatológica conhecida como Fibromialgia apresenta-se em cerca de 3% da população brasileira, principalmente em mulheres. A patologia altera o funcionamento do sistema nervoso central, mais precisamente o mecanismo de supressão da dor, aumentando a sensibilidade. A pessoa perde a capacidade de suportar dores que antes não sentia, principalmente musculares e articulares. Seus sintomas incluem também cansaço, distúrbios do sono e da memória, além de oscilações de humor.
Ainda não se conhece as causas em sua totalidade, nem a cura. O tratamento da Fibromialgia visa promover melhor qualidade de vida do paciente, mantendo sua capacidade funcional ao máximo possível. O uso de medicamentos combinado com terapias, como fisioterapia e acupuntura, pode trazer mais bem-estar, permitindo que o paciente leve uma vida praticamente normal. A prática de atividades físicas, respeitando a possibilidade do paciente, é fundamental para melhorar os quadros de dor e alterações do sono.
A atividade física, aliás, é apontada como a principal medida preventiva desta doença. Outros bons hábitos, como alimentação equilibrada, monitoramento e redução de quadros de stress e acompanhamento adequado de doenças crônicas, formam um conjunto fundamental para evitar a Fibromialgia.
Para identificar a doença, é necessário estar atento a crises de dores musculares e articulares e à fadiga excessiva, um dos sintomas principais. Se a pessoa já acorda cansada e, mesmo tendo um dia tranquilo, o cansaço não passa, é preciso buscar avaliação médica.
Cuidados com a saúde mental
Outro ponto em comum das três doenças é a necessidade de amparo familiar e de acompanhamento psicológico. Cada uma das patologias possui suas características e níveis de comprometimento cerebral. Todas elas podem apresentar um tratamento mais difícil – tanto para o paciente, quanto para os familiares – no caso de desequilíbrio psicológico. Se a saúde mental do paciente e dos familiares estiver em alta, certamente as condições para o tratamento serão muito melhores.
O paciente não deve ser tratado como inválido, no caso de quadros leves a moderados. A pessoa pode e deve ser inserida em atividades sociais, além de ter responsabilidades dentro de suas limitações. Mesmo com estas doenças crônicas, é possível ter boa qualidade de vida. Além disso, os avanços medicinais têm se mostrado promissores.
Informe-se sempre!