Alguns especialistas dizem do intestino que ele seria nosso “segundo cérebro”. Achou estranho? Pois não é de estranhar se nos atentarmos ao fato de que este órgão possui mais de 500 milhões de neurônios e fabrica 90% da serotonina (um importante neurotransmissor) que nosso corpo descarrega. Por falar em neurotransmissores, o intestino tem mais de 30 deles. Ele é um órgão que poderia funcionar sozinho, sem comando do cérebro, pois tem seu próprio sistema nervoso.
Outra curiosidade é sobre seu tamanho. Se abríssemos e esticássemos suas duas partes – delgado e grosso – poderíamos cobrir cerca de 250 metros quadrados ou uma quadra de tênis. E está tudo ali, dentro de seu abdome.
O mais impressionante é que tudo isso é pouco perto de outro aspecto: a microbiota. Conhecido popularmente como flora intestinal, este ecossistema intestinal é composto de mais de 100 trilhões de bactérias, número dez vezes maior que o número de células do corpo. Os bichinhos compõem 2 ou 3 quilos do peso corporal.
O equilíbrio da flora intestinal influencia o nosso organismo de diversas formas. Veja algumas:
- Metabolismo: os microrganismos da flora fermentam as fibras alimentares. No processo, liberam ácidos graxos de cadeia curta que ajudam a regular níveis de glicose, gordura, entre outros fatores metabólicos;
- Imunidade: as bactérias do intestino formam uma barreira que evita a proliferação de diversos microrganismos nocivos;
- Bem-estar e disposição: a flores intestinal também é responsável pelo bom uso de nutrientes de alguns alimentos, principalmente os não digeríveis pelo organismo, como as fibras. Este bom uso, na verdade, é a conversão em energia. Além disso, o órgão é produtor de neurotransmissores, como a serotonina, hormônio do bem-estar;
- Proteção contra inflamações e câncer: manter a microbiota saudável reduz significativamente as chances de aparecimento do câncer de cólon. Os microrganismos desta colônia também protegem o corpo de elementos alergênicos e outros patógenos (causadores de doenças).
Deu para entender a importância de manter o intestino saudável e a microbiota em equilíbrio, né? Veja algumas dicas práticas e fáceis de seguir para que isso ocorra:
- Consumir de probióticos, que são bactérias vivas encontradas em alguns alimentos. Estes microrganismos ajudam no processo digestório, na absorção de nutrientes e no fortalecimento da imunidade. Inclua na alimentação os iogurtes probióticos, o kefir (espécie de iogurte obtido da fermentação de leite, água ou água de coco), kombucha (bebida feita a partir da fermentação do açúcar do chá preto) ou chucrute.
- Consumir de prebióticos, que são alimentos fibrosos não digeríveis. Na quantidade certa e em um consumo equilibrado com os probióticos e água, eles servem de alimento às bactérias do intestino;
- Hidratar-se: os alimentos probióticos e prebióticos só terão seus efeitos benéficos ativados em um organismo hidratado. Por isso, o consumo de dois litros de água diários no mínimo, é essencial;
- Dormir bem: noites mal dormidas contribuem para o desequilíbrio da flora intestinal. Afinal, o intestino é nosso segundo cérebro, lembra? O cérebro não funciona bem se a noite de sono não for adequada. O intestino também não;
- Não segurar as fezes ao ter vontade de evacuar: pessoas que ficam “segurando a saída das fezes” promovem o ressecamento das mesmas. O endurecimento das fezes pode machucar o cólon e até mesmo causar doenças;
- Praticar atividade física: a movimentação do corpo promove melhorias no metabolismo de maneira geral. O cansaço “do bem” causado pelo exercício físico também ajuda a pessoa a dormir melhor e reduzir taxas de stress (fator dificultador para o intestino);
- Evitar consumo excessivo de álcool, industrializados e sódio: todos estes elementos ajudam a ressecar as fezes.
Dicas rápidas:
- Adicione uma colher de sobremesa de linhaça ou uma colher de chá de chia em iogurtes, frutas, omeletes, mingaus, panquecas, tapiocas ou shakes;
- Deixe uma garrafinha d’água de 500 ml ao seu lado na mesa de trabalho. Tome duas de manhã e duas após o almoço, evitando beber muito líquido antes de dormir;
- Substitua os temperos prontos por uma pasta feita com alho triturado, azeite e sal rosa ou marinho;
- O iogurte ou bebida probiótica deve ser consumida uma vez ao dia.
A saúde mental está intimamente ligada à saúde intestinal e vice-versa. O intestino conecta-se diretamente ao cérebro enviando e recebendo sinais. Por isso, o stress, a ansiedade e o desânimo são inimigos do bom funcionamento intestinal. Em outra via, o mal funcionamento deste órgão pode desencadear todas estas alterações de humor.
Portanto, precisamos cuidar bem de nossos dois cérebros!