Com a pandemia do Coronavírus, muitas pessoas começaram a trabalhar em home office. Deste modo, um cenário que seria uma oportunidade para adoção de uma alimentação mais caseira e balanceada transformou-se em uma realidade de correria, delivery de fast-food e lanches fora da hora. Com isso, a alimentação saudável foi deixada de lado por muitos.
Estar em casa nem sempre significa mais tempo para preparar comida. Os profissionais tiveram que se adaptar ao home office, bem como as empresas. As famílias encontraram dificuldade em manter a rotina de crianças e jovens. Além disso, estando em um ambiente de descanso, é muito fácil procrastinar e atrasar o trabalho.
Quase 30% da população brasileira é obesa. O índice entre pessoas acima dos 20 anos de idade mais que dobrou entre 2003 e 2019: foi de 12,2% para 26,8%. No mesmo intervalo, a obesidade entre mulheres subiu de 14,5% para 30,2% e entre homens de 9,6% para 22,8% (dados de 21 de out. de 2020. Fonte: IBGE). Por isso, entender o comportamento alimentar em home office e tomar medidas preventivas se tornou essencial.
A nutricionista Bárbara Grandini traz informações importantes em relação a este tema e explicou como é possível manter uma alimentação saudável no home office. Confira a entrevista!
Com a pandemia e medidas de isolamento, uma delas o home office, muitas famílias que faziam as refeições fora de casa, passaram a comer em casa. Em sua opinião quais os pontos positivos deste movimento?
Com o home office, as pessoas têm a oportunidade de comer mais devagar, prestando atenção na mastigação. Esse ato é importante para que o processo de saciedade aconteça. Outro ponto é que as famílias podem aventurar-se na cozinha e descobrir novos ingredientes e sabores. Alguns até tomaram o ato de cozinhar como novo hobby. E, já que estão comendo em casa, as pessoas não estão expostas à variedade de preparações mais calóricas, como o pastelzinho do self-service.
E os pontos a ter cuidado?
O ponto mais arriscado é a falta de rotina e horários para se alimentar, que pode gerar o hábito de beliscar o tempo todo. Além deste ponto, destaco:
• Sedentarismo;
• Comer em frente ao computador, celular e televisão;
• Não ter horário para dormir e para acordar;
• Consumo de alimentos ultra processados;
• Falta de hidratação. A dica é fazer como no escritório: deixar uma garrafinha de 500 ml de água mineral/filtrada próxima.
Em relação aos quadros de ansiedade crescentes durante a pandemia por diversos motivos, sabendo que esta situação pode desencadear a alimentação por compulsividade, qual sua observação? E dicas?
Muitos pacientes têm relatado o aumento de consumo de alimentos, principalmente por doces, devido a ansiedade e estresse neste período.
Para auxiliar a amenização destes sintomas é interessante buscar práticas de relaxamento, concentração e equilíbrio das funções cerebrais como esportes e atividades físicas, meditação, yoga e cultivar momentos prazerosos ao longo do dia fora das telas (ler um livro, pintar, fazer artesanato etc.). Também é muito importante procurar apoio emocional em terapia.
Se a pessoa está em um momento de compulsão alimentar deve procurar também um nutricionista que irá estabelecer estratégias nutricionais e comportamentais e, em alguns casos, suplementação que possa auxiliar nesses casos.
Uma dica é não comprar ou não deixar acessíveis alimentos muito palatáveis (de consumo simples e rápido), como balas, salgadinhos, biscoitos e doces em geral.
Você poderia aconselhar uma rotina alimentar geral, identificando quais alimentos priorizar no café da manhã, almoço, lanchinhos e jantar? De preferência considerar opções práticas para quem está trabalhando em casa.
Otimize seu tempo e evite comer alimentos que não são saudáveis. É possível! Veja:
• Faça um cardápio para a semana e faça as compras dos itens no final de semana;
• Se possível, no próprio final de semana, cozinhe as preparações e congele as marmitas;
• No dia anterior organize a alimentação do dia seguinte.O café da manhã, almoço e jantar são as principais refeições do dia, portanto, é importante que elas sejam compostas por carboidratos integrais, proteínas magras, gorduras boas e reguladores (frutas, legumes e verduras).
Sugestão de cardápio prático com alimentação saudável
A nutricionista Bárbara Grandini passou diretrizes e dicas para montar um cardápio diário simples, variado e saudável. Veja!