No dia de Prevenção sobre a Obesidade, a melhor atitude é informar-se e disseminar conhecimento sério sobre o assunto. Muitas famílias não sabem o que fazer a respeito da situação ou, pior, negam o problema. O mais preocupante é o crescente número de crianças com obesidade. Segundo dados do Ministério da Saúde de 2006, o excesso de peso em crianças da faixa etária de 5 anos era de 6,6%. Em 2019, o número passou para 10%. Estima-se que a pandemia acelerou ainda mais esta crescente.
Estudos mais recentes, de 2021, indicam que 6,4 milhões de crianças têm excesso de peso e 3,1 milhões já apresentam quadro de obesidade. A vida na pandemia deixou as crianças com menos acesso à atividade física e com mudanças na rotina alimentar, além de redução das visitas médicas de rotina.
A obesidade infantil
A obesidade é um quadro decorrente do excesso de tecido adiposo na composição corporal. Trata-se de uma doença crônica que, geralmente, associa-se com outras comorbidades como pressão alta, alergias, diabetes etc.). O sobrepeso é uma condição anterior à obesidade, quando o corpo apresenta um peso acima da faixa ideal. Ambas as condições são muito comuns na população adulta, chegando a 60% das pessoas no Brasil. Entre as crianças menores de 2 anos, o excesso de peso chega a 15%; naquelas de 2 a 5 anos, a taxa é 12%; já nos adolescentes, o índice vai para perto de 30%.
Obesidade: é sempre melhor prevenir
A obesidade traz fatores de risco muito claros que têm tudo a ver como estilo de vida da família e dos pais. Começa na gestação com o índice de massa da mãe, ganho de peso durante a gravidez e alimentação. Na primeira infância, a oferta de alimentos inadequados e o não aleitamento materno podem estimular um futuro quadro de sobrepeso. Depois disto, o risco vem das rotinas alimentares baseadas em alimentos industrializados, dos refrigerantes e sucos artificiais, além das porções maiores que o ideal. Sedentarismo é outro fator que leva ao ganho de peso acima do adequado, pois não provoca o gasto calórico dos alimentos processados e lanches gordurosos.
Como saber se meu filho está com sobrepeso
Crianças e jovens com risco de sobrepeso devem passar por consultas médicas de acompanhamento. Eles serão avaliados primeiramente de acordo com as medidas peso X altura X idade, obtendo o Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC é comparado à curva definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O especialista de saúde também verificará outros fatores para diagnosticar.
Muitas famílias têm resistência a reconhecer o excesso de peso em seus filhos. Os motivos são diversos. Pode ser pelo fato de os pais também estarem com sobrepeso ou obesidade, por medo da cobrança da sociedade ou de preconceitos, ou por falta de informação. Pessoas de outras gerações, que não viviam esta realidade de índice de obesidade que temos hoje, tendem a preferir crianças mais gordinhas, pois seria sinal de força e saúde.
Por isso, a informação vinda do médico e de outros especialistas de saúde (nutricionista, educador físico) é tão importante. Os profissionais vão ajudar a família a identificar o problema e a regular os novos hábitos da criança ou do jovem. É comum que toda a família tenha que passar por um processo de transformação do estilo de vida. Até mesmo a escola deve ser envolvida, pois é lá que os pequenos passam boa parte do tempo.
Hábitos que evitam ou melhoram o quadro de sobrepeso e obesidade
De maneira geral, há um conjunto de hábitos básicos que vão prevenir o ganho excessivo de peso nas crianças e jovens. Veja:
• Consumo de água pura: estimule a criança a tomar muita água sem misturas como pozinhos, sucos ou refrigerantes. Deixar as bebidas adoçadas apenas para alguns momentos da semana;
• Consumo de frutas e vegetais: eles devem estar presentes em todas as refeições. Caso a criança recuse, é preciso insistir, entendendo quais opções e preparos podem ser mais palatáveis;
• Redução de alimentos industrializados e doces;
• Estímulo a brincadeiras que façam a criança se mover: passeios a parques e praças, bicicleta, patins, jogos com bola, piscina, brincadeiras com cachorro, dança, caminhadas em lugares diferentes etc. São várias opções que fazem os pequenos se movimentarem. Os pais devem cultivar o hábito de realizar estas atividades durante o fim de semana e encaixá-las na rotina nos dias de semana da maneira que for possível;
• Colocar limites a telas desde pequenos: a nova geração de pais enfrenta o problema da sedução da tecnologia em relação aos pequenos. É difícil tirá-los das telas, pois são muitos os atrativos. Estabelecer regras dentro da rotina da família, de acordo com a faixa etária, é a melhor opção;
• Esportes e atividades programadas: os pais geralmente têm vidas apressadas devido ao trabalho e outras obrigações. Para garantir que a criança realize atividades com frequência, é importante matricular em academias e clubes de esporte e danças. Caso os pais não tenham como pagar por atividades particulares, podem buscar opções de programas públicos em seus estados e municípios.
É fundamental que pais e tutores não sejam julgados pela sociedade devido às condições de saúde de seus filhos, pois esta situação só leva mais desinformação e resistência aos tratamentos. A sociedade deve cobrar políticas públicas que ofereçam mais espaços e opções para atividades físicas. A obesidade infantil é um problema de saúde pública a ser enfrentado por todos.
O Ministério da Saúde disponibiliza os Guias para alimentação de crianças e adultos. Informe-se e repasse a quem possa se beneficiar.