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No Dia da Consciência Negra, precisamos falar sobre representatividade

Uma menina pode sonhar que é mãe de uma boneca ou pensar que é parecida com ela. Quando falamos em crianças brancas, é fácil encontrar brinquedos que permitam este sonho. Mas será que é tão fácil encontrar a mesma representatividade para as meninas negras? O mesmo se dá quando o jovem negro começa a olhar para o mercado de trabalho: ele se vê na figura de médicos, engenheiros, advogados, líderes de grandes empresas e outras profissões que exigem formação especializada?

Segundo o estudo do Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Universidade de São Paulo (USP) – Demografia Médica do Brasil de 2020 – apenas 3,4% dos formandos em medicina são da cor preta, enquanto 24,3% se autodeclaram pardos e, a maioria, 67,1%, são brancos.

No Dia da Consciência Negra é necessário refletir na dinâmica que distribui o espaço profissional, as oportunidades e os direitos, além da representatividade, seja em brinquedos ou na publicidade. A data 20 de novembro traz luzes à luta e às reflexões acerca de equidade racial, relembrando a morte de Zumbi dos Palmares, um dos principais líderes de luta e resistência negra no Brasil.

Publicidade negra

A publicidade brasileira tem passado por mudanças provocadas, em muita parte, pelas reflexões a respeito de estereótipos de beleza. A mulher branca, magra, com cabelos lisos, já não é mais unanimidade nas fotos de moda, por exemplo. Porém os passos ainda são lentos. É o que mostra a pesquisa TODXS, da Aliança sem Estereótipos, ONU Mulheres, de 2021.

O estudo elencou os índices de representatividade na mídia brasileira, destacando avanços desde 2015, mas, também, desnudando lacunas que ainda precisam ser preenchidas. A análise considera alguns períodos de 2021, focando em publicidade televisiva e mídia social.

Há uma entrada de modelos mais diversos, considerando gênero, etnias e características físicas variadas como cabelos encaracolados e corpos mais robustos. Além disto, passam a figurar mais homens em posição de cuidados domésticos e tarefas antes consideradas femininas; e mulheres como engenheiras, motoristas e em posições antes prioritariamente masculinas. Foi pouco constatada a presença de pessoas com deficiência na publicidade (cerca de 1,2%) e pessoas LGBTQIAP+ (não teve ponto percentual).

Em relação à população negra, que ocupa cerca de 56% da população brasileira, a sua presença em papéis protagonistas em narrativas publicitárias é ainda incipiente. O estudo aponta um aumento, porém ainda apenas em alguns setores.

Representatividade importa

Por que a representatividade é tão importante? Para pessoas brancas, a questão da representatividade não parece um problema. Elas estão acostumadas a serem representadas em altos postos da sociedade, na política, nos papéis principais das novelas, na propaganda de moda e, desde a infância, nos brinquedos.

Porém, quando a menina negra não encontra uma bonequinha com a mesma cor de sua pele ou com o cabelo parecido com o seu, inicia-se um processo de baixa autoestima, onde a pessoa já cresce sentindo-se desvalorizada pela sociedade. Quando a jovem negra não vê médicos de sua etnia, ela pode não sentir o encorajamento necessário para lutar pela profissão. Quando o jovem negro não vê representatividade de sua raça na Universidade, ele pode sentir que ali não é o seu espaço.

No Dia da Consciência Negra, a reflexão e o debate com empatia são necessários e salutares para toda a sociedade. Apoie esta causa.

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