Dia da Luta Antimanicomial pede defesa do SUS e cuidados em liberdade
Para marcar o Dia da Luta Antimanicomial, movimentos sociais, trabalhadores de serviços de assistência e pessoas que usam a rede de atendimento psicossocial fizeram, nesta quinta-feira (18), um ato na Avenida Paulista, região central de São Paulo. Com cartazes, faixas e camisetas temáticas, a passeata saiu em direção à Secretaria Estadual de Saúde, próximo ao Hospital das Clínicas.
No caminho, diversas baterias animavam os manifestantes, enquanto o carro de som mantinha o microfone aberto para quem quisesse falar. Nas falas e nos materiais escritos, “saúde não se vende, loucura não se prende” era um dos lemas mais presentes, em referência à defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e ao cuidado em liberdade.
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Frequentadora de um centro de atenção psicossocial (Caps) na Armênia, zona norte paulistana, Elaine Cristina Pimentel destacou a importância de ir às ruas para garantir direitos. “Independentemente de quem nós somos, a gente tem o direito de se expressar. Não podemos ser torturados, porque somos pessoas iguais a todo mundo”, enfatizou.
Reforma psiquiátrica
A secretária Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Isadora Brandão, disse que é preciso esforço para fazer valer os avanços da reforma psiquiátrica, aprovada em 2001.
“A gente tem um desafio enorme de transformar essa lei em realidade, falando da importância, portanto, da gente defender os direitos humanos, o direito à liberdade das pessoas que convivem com transtorno mental”, disse em seu pronunciamento.
O modelo de internação, que afasta as pessoas do convívio social, também chamado de manicomial, foi criticado por Isadora. “[Sabemos] que o modelo da institucionalização de pessoas que convivem com transtorno mental é anacrônico, estigmatiza, dessocializa e afasta essas pessoas de uma vida digna e do acesso aos seus direitos”, acrescentou.
Cuidados
O agente redutor de danos Wanderson Luís foi à manifestação para lembrar da importância de se pensar outro modelo de cuidado com as pessoas que vivem e frequentam a Cracolândia, que fica próxima ao Centro de Atenção Psicossocial (Caps) onde trabalha. “A gente está aqui não só pela ideia de quem tem algum comprometimento mental, mas também por quem é usuário e sofre violência policial e o racismo diretamente”, disse.
A Frente Estadual Antimanicomial de São Paulo divulgou carta em que destaca a necessidade da “legalização das drogas e a realocação dos recursos públicos da “Guerra às Drogas” para o financiamento de Políticas Públicas de Educação, Assistência Social e Saúde, Habitação, Geração de Trabalho e Renda e Combate à Fome”.
O documento pede ainda a “extinção de toda e qualquer forma de internação de cidadãos em hospitais psiquiátricos, comunidades terapêuticas, manicômios judiciários e em quaisquer outros estabelecimentos de regime fechado”.