Não é de hoje que há um grande estigma em pacientes diagnosticados com HIV. O fato é que há muitas pessoas vivendo com essa doença e isso gera muitas dúvidas, sobretudo na maneira como a doença afeta o paciente e quais as suas manifestações.
Desde a explosão de casos a partir da década de 1980 muitos foram os avanços científicos que hoje permitem que uma pessoa diagnosticada com a doença tenha uma vida praticamente normal.
O quadro ainda não tem cura, contudo os avanços conquistados são muito positivos. Mesmo assim, por ser uma patologia sem cura, muitas são as dúvidas sobre a sua manifestação.
O diagnóstico
Muitos pacientes hoje diagnosticados com o vírus acreditavam que não eram susceptíveis a infecção, o que acaba em muitos casos aumentando a exposição ao vírus e a possibilidade de contaminação. O diagnóstico de HIV, quando o resultado do exame de sangue dá reagente, não deve ser interpretado imediatamente com desespero. Por este motivo, é imprescindível que a notícia seja dada por um profissional qualificado técnica e psicologicamente.
Vale mencionar que o diagnóstico de HIV não indica que o paciente contraiu Aids. O HIV é o vírus transmissível presente no organismo. Uma pessoa com HIV pode transmitir o vírus para os seus companheiros por meio do sexo desprotegido e do contato direto com sangue.
Já a Aids consiste em um estágio avançado do vírus no organismo a partir do qual há comprometimento do sistema imunológico, responsável pela defesa do corpo.
Quem tem HIV não tem necessariamente o diagnóstico de Aids, mas quem tem Aids sempre tem HIV. Vale ressaltar inclusive que, caso os exames não sejam feitos de maneira regular, é possível que o paciente seja diagnosticado com Aids, visto o avanço natural do vírus em um organismo sem tratamento.
Segundo informações do Ministério da Saúde, em nota este ano, não há uma indicação quanto ao tempo ideal para realização do exame, mas é preconizado que o mesmo seja realizado sempre que há a exposição ao vírus.
Ao ter o diagnóstico em mãos o primeiro passo é ir atrás de tratamento. A depender do Município, o tratamento pode ser feito na UBS pelo médico da família. Em alguns municípios ele pode estar sob responsabilidade da equipe de Assistência Especializada ou ainda no Centro de Testagem e Aconselhamento.
Há uma grande rede de apoio e assistência a esses pacientes, o que os assegura uma vida cheia de possibilidades.
Vivendo com HIV
Seguindo à risca as determinações do tratamento, fornecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os portadores de HIV podem viver plenamente muitos anos de vida.
O problema é que mesmo pessoas diagnosticadas com o vírus deixam de tomar o medicamento com medo de que alguém possa ver a caixa do mesmo. Isso dificulta seriamente a eficácia do tratamento e os resultados obtidos.
De acordo os dados de 2020 do Ministério da Saúde, o índice de diagnóstico tardio chegou a 27%. Isso acontece justamente pelo estigma social que está em torno de pacientes que convivem com o HIV. Mas se essas pessoas tivessem conhecimento do tratamento e dos longos anos de vida que ele assegura, o diagnóstico precoce poderia ser viabilizado.
Após seis meses do tratamento medicamentoso seguido à risca, a carga viral pode se tornar indetectável. Às vezes em tempo menor o resultado pode acabar sendo obtido.
Após seis meses de carga viral indetectável a transmissão sexual deixa de ocorrer. Infelizmente a amamentação não é possível, mas é totalmente possível ter filhos saudáveis.
Mitos e verdades sobre o HIV
Uma das dúvidas mais pertinentes sobre pacientes com HIV diz respeito à paternidade e maternidade. Uma das maneiras de transmissão do vírus é de maneira vertical, através da mãe para o filho durante o parto, mas é possível que mães positivadas com HIV tenham filhos plenamente saudáveis.
Não há legislação vigente no Brasil ou qualquer outro tipo de norma que proíba que pais com HIV tenham filhos, mas diagnosticado ainda no pré-natal, é possível que o bebê nasça saudável. Não sendo infectado pelo vírus nem mesmo caso o parto seja cesárea ou normal.
Ao descobrir a gestação, a mulher deve realizar todos os exames para saber se vive ou não com o vírus. Caso sim, deve iniciar imediatamente o tratamento para que o mesmo se torne intransmissível, não afetando o bebê.
A mãe com HIV mesmo intransmissível e indetectável não amamenta o bebê, que recebe o leite de bancos de leite na cidade. A política de saúde pública brasileira tem determinações claras especialmente para que não haja chances de transmissão vertical, de mãe para filho.
Quando os protocolos acabam adequadamente seguidos as chances da mãe transmitir o vírus para o bebê cai em torno de 2%.
Caso o resultado do teste da mãe dê negativo durante a gestação e não houver indícios de que houve exposição, o seu resultado tem validade. Caso haja, o mesmo deve ser, por recomendação, refeito com pelo menos um mês de diferença do primeiro teste.
Informação de qualidade traz bem-estar, segurança e uma vida mais plena. Informe-se e abra mão de qualquer tipo de preconceito!