O dia 19 de maio é consagrado mundialmente ao combate à hepatite. Aqui no Brasil, temos uma campanha nacional no mês chamada Maio Vermelho, como forma de conscientizar e informar. Afinal, a desinformação é um obstáculo para o diagnóstico, prevenção e tratamento de qualquer doença, além de levar as pessoas a adotarem posturas de pânico desnecessário ou preconceitos e, na outra ponta, o descuido.
A hepatite é uma doença silenciosa e a pessoa pode permanecer infectada por anos sem manifestar sintomas, podendo, um dia, apresentar quadro de câncer ou cirrose. Apenas em 1993 iniciaram-se os testes para diagnosticar a doença. Por isso, é recomendável que pessoas acima dos 40 anos realizem o teste, disponível na rede pública. É rápido, seguro e sigiloso.
Hepatite: o que é esta doença
Hepatite é inflamação no fígado causada por vírus classificados por letras (A, B, C, D e E), daí o tipo de hepatite ser acompanhado da letra também. Cada variação tem suas peculiaridades, sintomas frequentes e nível de gravidade, conforme veremos abaixo.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que as hepatites virais causam anualmente 1,7 milhão de mortes no mundo (dados de 2019).
No Brasil, em 2018, foram registrados 42.383 casos de hepatites virais conforme Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2019 (Ministério da Saúde). Em 2017, foram registrados 2.184 óbitos provocados por hepatites, sendo 1.720 destes relacionados à hepatite C, que é a mais prevalente e também a mais letal. A hepatite C não possui vacina.
Os tipos de hepatite e sintomas
Existem cinco tipos já identificados de hepatite: A, B, C, D (delta) e E. Os tipos A e E se manifestam de forma aguda, ou seja, em crises bem aparentes. Geralmente, o vírus é eliminado do organismo após a crise. Já os tipos B, C e D são mais silenciosos e podem se tornar crônicos.
Os sintomas da hepatite são parecidos com os de outras doenças. A doença costuma se manifestar após o período de incubação. Algumas pessoas podem ser assintomáticas e é aí que mora o perigo, pois sem tratamento, a infecção pode se agravar
Hepatite A e B – sintomas mais comuns:
- Dor ou desconforto abdominal
- Dor muscular
- Fadiga
- Náusea e vômitos
- Perda de apetite
- Febre
- Urina escura
- Amarelamento da pele e olhos
A hepatite C se caracteriza pelos mesmos sintomas podendo apresentar:
- Inchaço abdominal
- Coceira
- Sangramento no esôfago ou no estômago
Como se transmite hepatite?
As hepatites B, C e D podem ser transmitidas pelo contato com sangue do infectado. Um meio é o compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos cortantes/ perfurantes. O contágio pela transfusão de sangue ou hemoderivados era comum no passado, mas hoje em dia é improvável, dado o sistema de controle mais rígido.
Já as hepatites A e E são transmitidas pelo contágio fecal-oral, propiciado por condições inadequadas de saneamento básico e de higiene pessoal e dos alimentos.
As hepatites A, B, C e D também podem ser transmitidas por meio de relações sexuais não protegidas.
A transmissão da hepatite B, C e D da mãe para o bebê, durante a gravidez ou parto, também ocorre. Há ações de prevenção neste caso, inclusive, para viabilizar a amamentação.
Prevenção da hepatite
Os cuidados preventivos básicos contra o contágio por hepatite são o uso de preservativos nas relações sexuais e, conforme já dito, o não compartilhamento de materiais perfurantes/ cortantes e de uso pessoal (escovas de dentes, copos, talheres). Estes últimos cuidados também são úteis na prevenção contra outras viroses.
A vacina é a forma mais garantida de prevenção, porém só há esta medida para as hepatites do tipo A e B, sendo que esta última protege também contra o tipo D. As vacinas são gratuitas no SUS.
Se tiver dúvidas, procure uma unidade de saúde para solicitar orientações e fazer o teste de hepatite C e de outras infecções sexualmente transmissíveis.
Tratamento e cura da hepatite
Todos os tipos de hepatite têm tratamento, independentemente do grau de lesão do fígado. A hepatite C, hoje, tem mais de 90% de chance de cura, quando o paciente segue corretamente o tratamento.
As hepatites B e D podem ser controladas de modo a evitar a evolução para cirrose e câncer. Há tratamentos, por exemplo, com substâncias antivirais, aplicadas por injeção (muitas vezes o próprio paciente aplica). Alguns tratamentos são longos e precisam de disciplina. O médico dará todas as orientações.
Já a hepatite A é uma doença aguda, que apresenta crise, e o tratamento é basicamente composto de dieta e repouso até o quadro melhorar. Neste caso, a pessoa fica imune.
O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura e de controle da doença, refletindo em melhor qualidade de vida para o paciente.
Uma vida normal…
A pessoa com hepatite pode desempenhar todas as atividades de uma vida normal, como trabalhar, estudar, praticar esportes e conviver socialmente. Porém, é importante ter acompanhamento médico para orientações frequentes quanto ao tratamento e riscos de contágio.
A família precisa tomar alguns cuidados, dependendo do tipo da hepatite, pois há peculiaridades no contágio. Enquanto a transmissão da hepatite A ocorre na via oral-fecal-oral, nos casos das hepatites C e G, a prevenção passa pelo uso de objetos cortantes (alicates, agulhas, seringas) que sejam descartáveis ou individuais.
Quem teve hepatite A pode doar sangue, enquanto no caso das outras hepatites, o sangue é descartado.
No caso desta e de outras doenças, mesmo uma simples gripe, a prevenção é feita com bons hábitos de higiene, não compartilhamento de objetos de uso pessoal (escovas de dentes, copos e talheres etc.) ou de uso hospitalar, vacina (quando existe) e muita informação de qualidade. Para se manter bem orientado quanto ao tratamento, procure o médico e canais especializados.