Dentre os vários mitos relacionados ao glaucoma, alguns causam confusão e podem adiar o início do tratamento ou até mesmo afastar o paciente dos cuidados com a doença, tida como a principal causa evitável de cegueira no mundo. O alerta é do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) em razão do Dia Nacional de Prevenção ao Glaucoma, lembrado nesta sexta-feira (26).
“Ter uma data de conscientização sobre o glaucoma é extremamente relevante. Trata-se de uma oportunidade de fazer um alerta à população, informando-a que o glaucoma causa perda de visão de forma lenta e que é fundamental fazer visitas periódicas aos oftalmologistas para o diagnóstico precoce a partir de sinais, sintomas e exames”, destacou a entidade em nota.
Notícias relacionadas:
Tratamento contra glaucoma afastou 1,3 milhão do risco de cegueira.
Até 2,5 milhões podem ter glaucoma no Brasil, diz sociedade médica.
Um dos mitos mais replicados entre os pacientes com glaucoma, segundo o CBO, é que não se pode “forçar” o olho. Alguns pacientes têm medo de que, ao fazerem isso para ler, bordar ou assistir televisão, por exemplo, possam prejudicar a visão, causando aumento da pressão do olho.
“O que pode ocorrer é que algumas pessoas já tenham uma irritação nos olhos em decorrência do uso de colírios ou até por uma questão ambiental. Daí fazem a associação equivocada de que forçar ao realizar atividades comuns do cotidiano causa desconforto ou complicação”, destacou o conselho.
Cegueira
Outro mito que corre entre os pacientes é o da certeza de cegueira para quem tem glaucoma. A crença, segundo o CBO, vem de uma época em que a doença não possuía muitas opções terapêuticas. “Contudo, atualmente, a situação é bem diferente por conta da evolução da ciência e da medicina”. O diagnóstico precoce reduz consideravelmente as chances de perda da visão.
Outro problema relacionado ao glaucoma que atrasa o enfrentamento da doença é o desconhecimento de que é possível encontrar tratamento no Sistema Único de Saúde (SUS). A rede pública garante aos pacientes acesso gratuito a consultas, exames, medicamentos e cirurgias.
O conselho é taxativo: se o paciente tem dúvidas sobre o glaucoma, deve procurar a resposta para suas perguntas com um oftalmologista. “O desconhecimento é prejudicial para a saúde, pois dificulta a aceitação do diagnóstico, causa atrasos no início do tratamento e pode levar ao seu abandono. Em todos os casos, os efeitos são negativos, contribuindo para o avanço do glaucoma”.
A doença
O glaucoma, apesar de ser uma doença ocular tratável, pode levar à cegueira caso não haja cuidado e tratamento corretos. Estudos estimam que entre 1% e 2% da população mundial vivem com glaucoma. As projeções não são animadoras: 111,8 milhões de pessoas podem sofrer com a doença em 2040.
Diante de sinais e sintomas de problemas oculares, a orientação é que o paciente passe por um exame oftalmológico completo, que inclui, entre outras avaliações, a medida da visão, o exame na lâmpada de fenda – aparelho no qual o oftalmologista observa detalhes microscópicos do olho –, a medida da pressão intraocular e o exame de fundo de olho. Além disso, é feita ainda a documentação fotográfica do olho por meio da retinografia.