Do dia 15 de junho é o Dia Mundial de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa. Instituída no ano de 2006, em comum acordo entre a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Rede Internacional de Prevenção à Violência ao Idoso, visa estimular a reflexão sobre o respeito e a valorização que esta crescente parcela da população merece. Desde então tem sido marcada por diversos eventos de mobilização em prol da causa em todo o mundo.
O objetivo é alertar sobre a existência real da violência contra pessoas idosas. Ao mesmo tempo, criar a consciência mundial, social e política de que atos violentos com idosos são inaceitáveis. Também é uma excelente oportunidade de apresentar as formas de prevenção e a necessidade de combater e denunciar as diversas formas de violência aos idosos.
Violência além da agressão física
O Estatuto do Idoso brasileiro (19° artigo do 4° capítulo) caracteriza a violência contra o idoso como “qualquer ação ou omissão praticada em local público ou privado que lhe cause morte, dano ou sofrimento físico ou psicológico”.
Isso significa que qualquer abuso (físico, psicológico ou moral), negligência (de familiares, instituições e governantes), exploração econômica, coação, restrição de liberdade e dor são igualmente considerados formas de violência contra a pessoa idosa.
O problema é que muitas vezes tratamos como violência apenas a agressão física, fazendo com que abusos contra o idoso só sejam percebidos quando o mesmo chega ao serviço de saúde, para atendimento. Quando não ocorrem sinais físicos de abuso, a violência fica mascarada.
Apesar das violências físicas serem bem visíveis e chocantes, normalmente são as violências invisíveis que mais machucam e trazem sofrimento contínuo e traumas aos idosos. Isso porque ferem sentimentos e dignidade, principalmente quando o agressor é um parente ou uma pessoa próxima, casos não raros.
Estudos mostram que cerca de 80% dos casos de violência acontece dentro de casa, ou seja, as violações são praticadas por quem deveria cuidá-los, especialmente com indivíduos dependentes de cuidados especiais, com pouca mobilidade ou que estão enfermos.
Por isso é essencial que qualquer sinal de violação seja denunciado às autoridades competentes, mesmo que o agressor seja um parente ou conhecido próximo.
A situação exige um olhar mais atento aos direitos dos idosos, não só no Dia Mundial de Conscientização sobre a Violência contra a Pessoa Idosa, como em todos os outros dias do ano. Eles precisam ser tratados com empatia, afinal, todos envelhecerão, podendo precisar de cuidados.
O envelhecimento da população é um fenômeno mundial.
No Brasil os, idosos (60 anos ou mais) já somam 28 milhões de pessoas, número que corresponde a 13% da população total do país. De acordo com a “Projeção da População” divulgada em 2018 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e estatística), é provável que esse percentual dobre nas próximas décadas.
Também conforme as estatísticas, a população idosa segue em ascendência, sendo necessário garantir um envelhecimento digno e pleno a todos. Por meio de um conjunto de leis, como o Estatuto do Idoso e de ações interdisciplinares o Brasil busca assegurar a promoção do envelhecimento saudável, participação social, cuidados de atenção especial à saúde e o cumprimento de direitos garantidos por lei por essa parte da população.
Em 2019, o Governo Federal criou o Programa Viver – Envelhecimento Ativo e Saudável, uma política pública voltada à promoção dos direitos humanos, assegurando dignidade, autonomia e protagonismo aos idosos.
O programa desenvolve ações para inserir os idosos no mundo digital, integrá-los à comunidade e melhorar o acesso à educação financeira, saúde e mobilidade física.
Mas o cuidado e o respeito não são responsabilidades apenas dos governos, devem ser praticados por todos, diariamente. Isso se dá por meio de atitudes simples, como: não utilizar a vaga reservada no estacionamento, não ocupar lugares preferenciais em ônibus e filas e, inclusive, ter paciência para conversar. É necessário também ficar de olho se há exploração da situação econômica do aposentado e denunciar fraudes e desrespeito.
Pequenos gestos fazem a diferença na vida dos idosos. Mas isso não deve ser encarado como um favor, e sim como dever de todos com todos. É bom lembrar que, um dia, a maioria das pessoas se enquadrará nesta parcela da população. Por isso, vale refletir: você tem tratado as pessoas idosas da mesma forma como gostaria de ser tratado?
Se você conhece algum idoso que esteja sofrendo algum tipo de violência, denuncie!
Segundo consta no Estatuto do Idoso, “quem sabe da agressão ao idoso e omite o fato às autoridades competentes também comete um crime”.
Disque 100 ou se dirija à Delegacia do Idoso mais próxima. Na ausência de uma delegacia especializada, a denúncia pode ser feita em qualquer unidade.