Novembro Azul: um tapa no preconceito e nos mitos em relação ao câncer de próstata
Logo após o mês dedicado à campanha de prevenção ao câncer de mama e ovário, chamado de Outubro Rosa e com ênfase na saúde da mulher, é a vez de conscientizar o público masculino. Novembro Azul é a campanha de conscientização voltada à prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata, além do cuidado geral com a saúde do homem.
O cancro de próstata ganha foco nas ações devido ao fato de esta doença acometer boa parte dos homens, principalmente com idade superior a 45 anos. São mais de 2 milhões de brasileiros por ano, segundo o Hospital Israelita A. Einstein. O índice de falecimento por esta doença chega a 28% entre os homens que desenvolvem neoplasias malignas. Os dados são de 2017 do Instituto Nacional do Câncer (Inca). De acordo com o órgão um homem morre a cada 38 minutos por câncer de próstata no Brasil.
O movimento Novembro Azul
A campanha começou na Austrália, em 2003, com o movimento conhecido como Movember. O ponto de partida foi o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, 17 de novembro. No Brasil a iniciativa da campanha é do instituto Lado a Lado pela Vida. Uma das abordagens é conscientizar os homens da necessidade de realizar exames periódicos e, principalmente, o exame de toque, a fim de diagnosticar precocemente qualquer chance de desenvolvimento de cancro de próstata.
Barreira culturais e a saúde do homem
Há uma forte barreira cultural a ser quebrada em relação à saúde do homem. É consenso entre os médicos que os homens se preocupam menos com sua saúde do que as mulheres. Uma pesquisa do Centro de Referência em Saúde do Homem (2018) mostra que mais da metade deles só vai à consulta médica quando já têm sintomas atrapalhando sua vida, sendo assim, iniciam seus tratamentos em estágios mais avançados das doenças. O estudo também mostra que 70% dos homens só vão a consultas médicas acompanhados da esposa ou outros familiares. Ou seja, na maioria das vezes não buscam acompanhamento médico por iniciativa própria.
Outro fator que pressiona os dados em relação à saúde dos homens é a questão de hábitos. Pouca preocupação com a qualidade da alimentação, sedentarismo, stress no trabalho, uso de bebida alcoólica e tabagismo são características que favorecem o aparecimento de cânceres, infecções e doenças crônicas ou cardíacas.
O resultado é uma menor expectativa de vida para o sexo masculino. Em 2018 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a expectativa de vida dos homens foi de 72,8 anos, enquanto a das mulheres foi de 79,9 anos.
No caso do câncer de próstata a questão cultural torna-se um empecilho ainda maior para o diagnóstico precoce da doença e consequentemente, para melhores chances de cura. Isso por que o procedimento para identificar possíveis indicações de tumores na próstata é o exame de toque retal. Neste exame o médico insere o dedo indicador no reto (parte final do intestino grosso) do paciente. Esta é a forma mais simples de avaliar as características da próstata, como tamanho, textura, formato e presença de nódulos.
O procedimento é alvo de desconforto para o homem, não tanto pela parte física em si, mas devido ao preconceito. O exame é alvo de piadas e muitos tabus. O que é uma pena, pois esta doença frequente nos brasileiros poderia ser mais facilmente tratada com a identificação em seu estágio inicial.
O câncer de próstata
A próstata é uma glândula que faz parte do sistema genital masculino, responsável por produzir os nutrientes e fluidos que formam o esperma. Ela fica em frente ao reto e logo abaixo da bexiga. Em seu interior, passa a uretra. Por isso, quando a próstata incha, o homem tem dificuldade para urinar.
O inchaço na próstata é comum em homens acima de 50 anos e, muitas vezes, o sintoma é benigno. Quanto mais velho, maior a próstata. Porém, o sintoma também pode ser um sinal da presença de um câncer. Por isso o exame preventivo é tão importante.
Há vários tipos e graus de câncer de próstata. Alguns são lentos em apresentar sintomas. Outros são agressivos e requerem cirurgia ou tratamentos como radio e quimioterapia. Os sintomas são, além da dificuldade e dor em urinar, gotejamento e presença de sangue na urina e no esperma. Disfunção erétil também pode aparecer em alguns casos.
Caso o câncer não seja identificado precocemente e tratado, as células malignas podem chegar aos linfonodos e cair na corrente sanguínea, se espalhando para outros órgãos. Em casos como este, as células cancerígenas podem chegar ao tecido ósseo e ali permanecer até passar para outros órgãos.
É importante frisar que este câncer é assintomático no início, na maioria das vezes. Seus sintomas só aparecem em estágios mais avançados.
Cura e tratamento do câncer de próstata
A maioria dos casos, se diagnosticados em fase inicial e tratados adequadamente desde este estágio, tem cura. Por isso a importância da realização do exame preventivo, mesmo sem apresentar sintomas.
Ao diagnosticar esta doença, assim como outros cânceres, o ideal é avaliar junto com o médico as opções viáveis e possíveis efeitos colaterais. Pois só o médico poderá averiguar o quadro geral do paciente. Fundamental também é deixar de lado velhos preconceitos e mitos, baseando-se nas informações dadas pelo profissional da saúde.
Assim como ocorre com outros cânceres e doenças a melhor prevenção é adotar hábitos saudáveis e lançar mão de todos os métodos preventivos que o avanço da medicina nos trouxe. Os números de incidência e morte por câncer de próstata vinham aumentando até 1995. Depois deste período os índices ficaram mais estáveis. É um sinal de que a conscientização da população masculina em relação à prevenção está fazendo efeito.
A prevenção é o melhor remédio. Vamos nos unir pela saúde, conscientizando todos à nossa volta sobre a prevenção de doenças em prol de uma vida plena de energia.