Doenças com aumento do número de pacientes durante a pandemia
Meses após o início de uma pandemia sem previsão para acabar, o foco da atenção mundial continua sendo a COVID-19 e seus desdobramentos. O isolamento social vivido pela população na maioria do país e a mudança de rotina têm provocado o aparecimento de outras doenças e problemas de saúde. O cenário ligou o alerta dos médicos e agentes de saúde.
Fatores como trabalhar em casa, parar de fazer exercício e lidar com várias tarefas ao mesmo tempo tornaram-se comuns no cotidiano da população nos últimos meses. O medo, o estresse, a ansiedade e a incerteza também. Tudo isso é consequência esperada de uma pandemia, mas com o passar do tempo o corpo cobrará o preço em diversas instâncias da saúde.
As dores da pandemia
A pedido da VEJA SAÚDE, o Google fez um levantamento das buscas realizadas no início da pandemia. O resultado: nunca se buscou tanto pelo termo “dor” como em maio de 2020. “Dor de cabeça” e “dor nas costas” foram os termos com maior aumento de busca.
Outra evidência são os números coletados pela Iqvia, consultoria que acompanha as estatísticas do mercado de saúde e de bem-estar. Em março de 2020, a venda de analgésicos que podem ser vendidos sem prescrição teve um aumento de 62% em comparação com o mesmo período do ano passado. Em maio a venda de pomadas e emplastros para dores subiu 10%.
Com a necessidade de isolamento social muitas pessoas passaram a trabalhar em home office, modalidade até então experimentada por poucas pessoas. A urgência fez com que o escritório fosse transferido para a sala ou quarto de casa, sem qualquer planejamento. É justamente aí que se encontra o problema, devido a falta de atenção à ergonomia do local de trabalho. Exemplo: o uso do notebook no colo, sentado no sofá ou deitado na cama contribui para o aparecimento de dores. Uma posição ergonomicamente errada até pode parecer cômoda, mas em algum momento o corpo vai responder mal.
A má postura sobrecarrega algumas estruturas da região lombar e cervical, como os músculos, os discos entre as vértebras e as articulações. No curto prazo isso provoca dor nas costas. Quando persistente, pode evoluir para uma hérnia de disco.
A dor é um alerta do corpo de que existe alguma coisa errada. Os primeiros sinais de desequilíbrio podem ser sentidos nos músculos, tendões e articulações. Dores e cansaço são queixas que aumentaram durante a pandemia.
Para muitos trabalhadores o home office vai permanecer por mais um tempo. Então é preciso pensar em alternativas para minimizar o risco dessas dores incomodarem ou avançarem para um problema crônico.
É recomendado apostar em soluções de ergonomia, como uma cadeira correta, iluminação adequada e objetos de uso frequente em posições propícias. Ou seja, garantir que as condições de trabalho ou de estudo dentro de um cômodo da sua casa sejam as melhores possíveis.
Estressores psicológicos e os problemas de pele
O stress trazido pelo momento atual, gerado por diferentes motivos, registrou um aumento nas queixas de surgimento ou piora das doenças psico dermatológicas, ou seja, doenças de pele que possuem interação direta com a saúde mental dos pacientes.
Fatores estressantes, sejam eles internos ou externos, rompem o equilíbrio do organismo e estimulam uma série de reações no organismo que afetam vários aspectos imunológicos. A consequência é o aumento das queixas relacionadas às doenças de pele, como queda de cabelo, piora da dermatite atópica e volta das manchas brancas e vitiligo que já estavam pigmentadas.
Para evitar ou reverter o quadro é importante investir em melhores hábitos que vão ajudar a reduzir o estresse e prevenir alterações na pele. São exemplos: a prática de atividades físicas, boas noites de sono, alimentação balanceada e atividades que causem prazer. Além de uma rotina diária de cuidados com a pele: banhos frios ou mornos e hidratação adequada interna (tomando muita água) e externa (utilizando cremes próprios para o seu tipo de pele).
Estresse e ansiedade em tempos de pandemia
Desde o início da pandemia no Brasil, a Covid-19 se tornou preocupação na vida pessoal e profissional. E não poderia ser diferente. A ansiedade, a incerteza e a preocupação tomaram conta da população que vive um intenso looping de emoções.
Apesar de serem sentimentos legítimos para o momento vivido é importante não perder o controle. Cultivar quadros de estresse e ansiedade pode causar outros transtornos, como insônia, alteração do apetite, diminuição da libido, descontrole da menstruação e da diabetes.
Para ajudar nesta fase volte o foco do pensamento para a resolução dos problemas de forma serena. A sugestão é realizar atividades para manter o corpo em movimento, ter alimentação saudável, estabelecer uma rotina de horários, ter boas noites de sono e determinar momentos diários para relaxamento.
Queixas no dentista também aumentam
Os reflexos da pandemia na saúde também podem ser sentidos nos consultórios odontológicos.
Algumas pessoas descontam o estresse e a ansiedade na musculatura mastigatória, o que provoca quadro intenso de dor na musculatura e articulação mandibular. O resultado é uma dor aguda ao fechar e abrir a boca, além de um desconforto facial aliado a dor de cabeça.
Sedentarismo pode levar a surto de obesidade
Com academias e espaços públicos fechados, a frequência das atividades físicas do brasileiro caiu bastante. E mesmo com as restrições suspensas a falta de exercícios continua sendo uma preocupação das autoridades de saúde, que temem um aumento na obesidade e outras doenças relacionadas.
A Universidade Federal de Minas Gerais realizou uma pesquisa que corrobora com esse receio: em média, quatro em cada dez pessoas ganharam peso significativo durante a pandemia.
O sedentarismo impulsionado pela pandemia é uma preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que lançou a campanha #HealthyAthome (#SaudávelEmcasa). A ação dissemina informações sobre exercícios simples para se fazer sozinho em casa e a quantidade de atividade necessária para diferentes faixas etárias.
Outro problema causado pelo sedentarismo é a perda de massa muscular atrelada ao ganho de gordura. Com o aumento do peso as articulações e os tendões perdem o suporte, precisando de esforço extra para dar sustentabilidade ao sobrepeso.
Pelo bem da coluna é indicado realizar atividades físicas que estimulem o tórax e o abdômen, que ajudam na sustentação às vértebras. Pilates e treinos funcionais são bons exemplos.
Uso excessivo de eletrônicos é prejudicial para a saúde ocular
Irritação nos olhos, olho seco, dor de cabeça e alteração no grau são as principais queixas de quem passou a utilizar dispositivos eletrônicos com mais frequência desde o início da pandemia.
A convivência on-line com amigos e familiares, lives, redes sociais, sites de notícia e de compras, trabalho home office, aulas on-line são alguns dos motivos que fizeram o brasileiro a passar mais tempo que o normal em frente às telas (índice que já era alto no país).
A utilização prolongada do celular para a realização de tarefas ou busca de entretenimento, apesar de necessárias, tem aumentado as queixas de desconforto na visão.
Há uma explicação lógica: a exposição à luz azul, emitida pelos aparelhos eletrônicos, pode ressecar a produção de lágrimas, deixando o olho mais seco. Consequentemente, a pessoa pode te¬pálpebras, irritação ocular, coceira, visão com imagem mal definida ou borrada.
Com o tempo essa exposição pode acelerar o envelhecimento dos tecidos oculares, aparecimento precoce de catarata e aumentar o risco de degeneração macular relacionada à idade (DMRI).
Para amenizar o desconforto é fundamental reduzir o brilho da tela. O ambiente também precisa de atenção para a iluminação. No escuro as pupilas se dilatam e a luz das telas atinge de forma mais agressiva os tecidos oculares.
Manter sempre os olhos bem lubrificados, ter ergonomia no home office e fazer intervalos no uso dos equipamentos são outras orientações.
Em casa ou no trabalho, com ou sem pandemia, cuide de sua saúde cultivando hábitos saudáveis sem descuidar do lazer e do relaxamento.