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Janeiro Branco: um movimento pela saúde mental com importância reforçada pela pandemia

A saúde mental sempre foi e sempre será muito importante. Mas no último ano, quase que completamente tomado pela pandemia da Covid-19, a importância dos cuidados com a mente foi ressaltada em diversos âmbitos. Pais estressados com filhos entediados ou nervosos em casa, idosos isolados, profissionais exaustos pelas telas, professores sem saber o que fazer, trabalhadores da saúde exauridos, empreendedores com medo do desemprego e da falência – este é o saldo psicológico de 2020.

Pesquisa da Fiocruz em parceria com outras instituições apontou que os sintomas de ansiedade e depressão foram percebidos por 47,3% dos profissionais de serviços essenciais durante os meses em que convivemos com o novo coronavírus. Além disso mostrou que 44,3% têm abusado de bebidas alcoólicas; 42,9% sofreram mudanças nos hábitos de sono; e 30,9% foram diagnosticados ou se trataram de doenças mentais. O artigo “Depressão e Ansiedade entre trabalhadores essenciais do Brasil e da Espanha durante a Pandemia de Covid-19: uma pesquisa pela Web” é o resultado de um estudo realizado no Brasil e na Espanha e está disponível na revista cientifica Journal of Medical Internet Research.

Janeiro é o mês que abrange um movimento pela saúde mental. Trata-se de uma grande campanha nacional chamada Janeiro Branco. Nesta época do ano as pessoas estão mais dispostas a ponderar seus hábitos e suas condições, bem como analisar sua condição emocional. No início de 2021, a importância do movimento fica ainda mais evidente após um ano de turbulências e com esperanças não muito firmes no curto prazo.

O que fez nossa saúde mental ficasse abalada?

No Brasil a crise econômica aprofundada pela pandemia do novo coronavírus foi uma das grandes vilãs. Desemprego, desalento e estabelecimentos de portas fechadas fizeram parte de nossa rotina em 2020.

O isolamento social trouxe efeitos diversos para pessoas de diferentes idades e condição social ou fase da vida. Quem mora sozinho, viu-se completamente isolado dos amigos e familiares. Quem mora com familiares, teve que reconhecer uma rotina intensa com a qual já estava desacostumado: cônjuges, filhos, irmãos, cachorro etc. Todos em casa, se alimentando, fazendo barulho, demandando cuidados.

A vida para as crianças e jovens virou de cabeça para baixo. No início, muito estavam animados com as “férias” porém, o distanciamento da escola, dos esportes e dos amigos traz severos efeitos para esta fatia da população. E para os pais, claro!

Os idosos foram um público também muito impactado. O medo dos familiares em contaminar estas pessoas do grupo de risco fez com que muitas pessoas mais velhas deixassem de conviver com familiares e amigos e perdessem a vida social, já menos intensa do que das pessoas mais jovens.

A preocupação com a doença em si já bastaria para dar uma baixa nos níveis de saúde mental da população. Afinal nunca se viu tanta informação sobre uma doença nos noticiários. Mesmo quando a tentativa da imprensa era também mostrar os casos curados, a quantidade de mortos saltou aos olhos das pessoas e deixou muita gente com medo ou desanimada.

Duas fobias

A dinâmica imposta pelo novo coronavírus deu impulso a alguns transtornos comportamentais, mentais e fobias já existentes. Há até uma nova palavra para descrever um conjunto de reações causadas pelo medo do coronavírus: a coronophobia ou coronofobia. Esta fobia refere-se à preocupação excessiva e à ansiedade em torno do contágio pela Covid-19. Os sintomas associados são semelhantes aos de crise de ansiedade, pânico e comportamentos obsessivos. Este tema é objeto de vários estudos, como deste artigo científico disponível no Journal of Anxiety Disorders. O estudo mostra que as reações podem se tornar crônicas e impactar na busca por tratamento psiquiátrico e medicamentos.

Outra fobia que já existia antes do cenário de pandemia, mas teve sua incidência aumentada, é a chamada Síndrome da Cabana. Este quadro abrange o medo de sair de casa e pode começar com uma preocupação excessiva e ansiedade ao sair. As medidas de prevenção à Covid-19, apesar de necessárias deram um empurrão nestas reações. Por medo de sair ou por achar que estão fazendo algo de errado muitas pessoas podem ter desenvolvido um tipo mais crônico desta fobia.

Prevenir é o melhor remédio

Cuidar da saúde mental requer um mínimo de disciplina, mas com leveza e sem cobrança excessiva. Caso contrário, resolve-se um problema mas cria-se outro. Veja algumas dicas básicas para manter a saúde mental em dia:

  • Manter uma rotina diária de se trocar e realizar a higiene pessoal como se fosse sair de casa;
  • Organizar a casa de modo a mantê-la aconchegante, mesmo que não vá receber visitas;
  • Abrir a janela e curtir a luz do sol. Se tiver a possibilidade de tomar um pouco de sol no início da manhã, perfeito!
  • Manter contato com amigos e familiares distantes, mesmo que virtual;
  • Aprender novas coisas mesmo dentro de casa: receitas, artesanato, instrumento, movimentos corporais, novas línguas, jardinagem… hoje em dia há muitas opções na internet!
  • Estabelecer rotina para o trabalho e não deixar que a má disciplina dos outros atrapalhe a sua;
  • Boa alimentação com mais nutrientes e menos industrializados;
  • Muita água;
  • Encorajar os outros moradores da casa a também estabelecerem rotinas para que a convivência seja mais agradável;
  • Paciência, muita paciência! Medite e respire fundo. #VaiPassar
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