A asma acomete cerca de 339 milhões de pessoas no mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dados de 2019. Em nível global, foram registradas naquele ano 417.918 mortes decorrentes desta doença e outras complicações relacionadas.
Esta doença pulmonar está presente em pessoas de todas as idades, crianças ou adultos, em diferentes graus. Por ser uma doença crônica, não possui cura definitiva. O que existe é o tratamento – ajustável para cada intensidade e presença de outras comorbidades – para controlar os sintomas e dar uma boa qualidade de vida ao paciente.
O controle da asma é uma importante questão de saúde pública no Brasil, sendo que mais de 6,4 milhões de brasileiros acima de 18 anos sofrem com a doença, conforme a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), conduzida pelo Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dados de 2019.
Diferentes graus de asma e sintomas
Por ser uma doença das vias aéreas, a principal característica da asma é a obstrução da respiração. As vias aéreas ou respiratórias formam um sistema responsável por levar ar aos pulmões, sendo separada em: cavidade nasal, faringe, laringe, traqueia, brônquios ou bronquíolos. Os brônquios, local onde a inflamação da asma costuma atacar, são os tubos pelos quais o ar passa para chegar aos pulmões.
A obstrução destas vias desencadeia crises de falta de ar. Dependendo da frequência e da intensidade da crise, o grau de asma no paciente é classificado como: intermitente, persistente leve, persistente moderado e persistente grave. Uma vez que impacta a respiração e pelo fato do ser humano não sobreviver mais do que dois minutos sem respirar, as crises de asmas são prioritárias em atendimentos nos hospitais e pronto socorros.
Os sintomas mais comuns da asma são:
- Falta de ar;
- Aperto no peito;
- Chiado no peito;
- Tosse.
Os sintomas não têm hora para aparecer, mas alguns gatilhos podem estar relacionados ao seu aparecimento. Por exemplo:
- Atividades ou esforço físico;
- Poeira
- Ácaros e fungos;
- Mudança brusca de temperatura, sendo o resfriamento corporal o pior;
- Fumaça (de cigarro, churrasqueira, fogueira etc.);
- Pelos de animais;
- Odores fortes (perfumes, produtos de limpeza e outros químicos);
- Cansaço e stress;
- Clima seco.
Asma e comorbidades
Uma pesquisa recente da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e da Universidade de Newcastle (Austrália), publicada na revista científica European Respiratory Journal, mapeou os quadros de comorbidades mais presentes em pacientes com asma.
O estudo ressalta a importância de avaliar o quadro geral do paciente para determinar o melhor tratamento desta condição crônica. A pesquisa mostra, por exemplo, que os asmáticos que possuem mais dificuldade no controle da doença são aqueles que também apresentam situações como obesidade, ansiedade e depressão. Foi avaliada também a relação entre características ligadas ao nível de atividade física, peso corporal, condições clínicas gerais e o grau de gravidade da asma no paciente, indo além da avaliação dos fatores pulmonares.
Participaram do estudo, 296 pacientes portadores de asma moderada a grave, sendo 243 do Brasil e 53 da Austrália. A maioria destas pessoas eram mulheres e todos apresentavam uma ou mais das seguintes características: sobrepeso ou obesidade, sedentarismo, osteoporose, diabetes, dermatites e alergias, hipotireoidismo, doenças intestinais, apneia e dificuldades em dormir, hipertensão, distúrbios psicológicos, refluxo gastroesofágico, entre outras comorbidades. Destes participantes, 68% não conseguiam controlar seus quadros de asma.
Asma e atividade física
O estudo da FMUSP e Newcastle evidencia uma controvérsia nas recomendações a pacientes com asma. Se por um lado, é recomendado que asmáticos evitem atividades físicas, por ser um gatilho para o aparecimento de crises; por outro, é necessário evitar o aparecimento do sobrepeso, da obesidade e dos problemas psicológicos que poderiam ser amenizados com o exercício físico.
Portanto, além do tratamento de controle da situação respiratória, é necessário que o paciente com asma, mantenha uma atividade física adequada à sua condição e o peso corporal controlado. É recomendável, nestes casos, que a pessoa consulte seu médico e avalie as melhores soluções para adquirir aos poucos, o hábito de exercitar-se e, assim, reduzir os riscos de crises.